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Alimentos funcionais em 90% dos lares

Por a 2 de Maio de 2008 as 9:30

funcionais

Cerca de 90% dos lares portugueses consomem alimentos funcionai. Bifidus ativus, esteróis, , licopeno, Ómega3 … são palavras que já nos habituamos a ler nas embalagens. Afinal, o que são alimentos funcionais, que diferenças apresentam face aos convencionais e quais as regras que os regem.

Há um novo tipo de consumidor no mercado: mais informado e consciente. Preocupa-se com a saúde e modificou os hábitos de compra no sentido de procurar alimentos saudáveis, baixos em calorias ou que tenham uma função específica.

Estas novas preocupações da população são seguidas a passo pela industria alimentar. Iogurtes, leite, sumos, águas, cereais, cremes para barrar, margarina e bolachas são alguns dos artigos dietéticos ou funcionais que os portugueses mais colocam no carrinho de compras. É nestas categorias que as empresas que produzem e comercializam produtos alimentares marcam a diferença e ganham quota de mercado.

Dietéticos e funcionais
Existem, no entanto, diferenças entre produtos dietéticos e funcionais. Apesar de não haver uma definição oficial, regulamentada, sobre o que são os alimentos funcionais, a indústria sentiu necessidade de criar um conceito que explicasse o que eram aqueles produtos que começaram a surgir no mercado e que tinham determinadas funções específicas como reduzir o colesterol, reforçar o sistema imunitário ou ajudar a regular o trânsito intestinal.

Um alimento funcional é um produto a que, à sua composição original, é acrescentado um ou mais ingredientes que se considera ter um efeito funcional no organismo.

Partindo do principio que todos os alimentos são funcionais, fruto da sua composição nutricional, o conceito surge «para apelidar estes alimentos que têm o tal ingrediente novo e que vai introduzir uma mais-valia adicional à matriz normal do produto», explica Pedro Queiroz, director-geral da Federação das Indústrias Agro-Alimentares (FIPA).

Já os dietéticos, são alimentos que têm associados a intenção de reforçar um determinado nutriente que, podendo ser obtido na alimentação normal, em determinadas dietas alimentares são insuficientes. Estes vêm colmatar essa necessidade.

«Este tipo de alimentos têm vindo a ganhar terreno na vida dos consumidores», explica Ana Moreira, gestora da Becel. Em 2007, um total de 3.4 milhões de lares nacionais compraram produtos alimentares funcionais, o que representa uma penetração de 90%, de acordo com um estudo da TNS (YTD P10).

Apesar de serem mais caros do que os ditos “normais”, esta é uma categoria que cresce acima da média, sendo que, no período avaliado, os portugueses gastaram 200 milhões de euros na compra destes produtos, mais 12.8% do que no ano anterior.

A frequência de compra de artigos funcionais por lar aumentou 1,6% no ano passado, assim como o gasto médio por acto, que aumentou 4,77%, passando de 4,54 euros para 4,77.

De acordo com dados fornecidos pela Danone Portugal, que opera no segmento de Produtos Lácteos Frescos com as marcas Actimel, Activia, Danacol e Corpos Danone, este é um mercado que se encontra em «franca expansão» em Portugal, tendo crescido 11% em 2007.

«Cada vez mais, os consumidores dão importância a estilos de vida e comportamentos alimentares saudáveis, onde a saúde assume um papel fundamental. Sente-se um movimento crescente dos benefícios dos alimentos funcionais», afirma a responsável da Becel.

A marca foi a primeira a comercializar um alimento funcional para a redução do colesterol na Europa: o creme vegetal para barrar enriquecido com esterois vegetais. Dentro da gama da Becel, este continua a ser o produto com maior penetração nos lares portugueses.

É também no sentido de criar produtos cada vez mais apelativos aos consumidor que trabalha a Proalimentar, marca líder no segmento de bolachas saudáveis.

A tendência deste mercado passa pela criação de bolachas «com ingredientes naturais e focalizadas nas necessidades dos consumidores: enriquecidas com fibras para regular o trânsito intestinal, baixas em calorias que ajudam a controlar o peso, sem açúcar indicadas para diabéticos e ajudam a reduzir os níveis de colesterol», explica Madalena Dias, assistant brand manager Triunfo.

Bebidas funcionais dinâmicas
Mas não só os alimentos beneficiam deste conceito. No sector das bebidas, o segmento funcional foi o mais dinâmico em 2007, tendo vendido 29 milhões de litros, mais 64,5% do que no ano anterior. Assim como as bebidas enriquecidas, que aumentaram as vendas em 1,3% para 72 milhões de litros.

«Este dinamismo explica-se pela inovação e sobretudo pela relevância dos produtos que têm sido lançados», afirma Mafalda Soares, brand manager Luso. Neste segmento, a Sociedade Central de Cervejas tem dois produtos distintos, para satisfazer duas necessidades distintas: Formas Luso e Ritmo Luso (controlo de peso e regulação do trânsito intestinal, respectivamente).

A procura de alternativas de bebidas mais naturais e saudáveis, que ajudem a satisfazer as necessidades específicas do consumidor, é a razão apontada por Rafael Pinto, director de marketing de águas da Unicer, que opera nesta categoria com a Vitalis.

Apesar de 2007 ter sido um ano que se revelou bastante dinâmico para as empresas que operam neste sector, «o mercado de águas funcionais ainda tem uma dimensão muito reduzida em Portugal, com níveis de experimentação baixos», revela Mafalda Soares.

Neste sentido, há ainda muito para explorar e um «enorme potencial de crescimento». É preciso então consolidar as marcas já existentes e lançar novas propostas em segmentos diferentes.

A importância da comunicação
Uma vez que este tipo de produtos requerem uma explicação do seu funcionamento e utilização adequada para atingir um determinado efeito benéfico para a saúde, a comunicação torna-se num elemento fundamental na veiculação da mensagem dos produtos funcionais.

«A comunicação acaba por ter um conteúdo didáctico e pormenorizado de forma a não induzir os consumidores em erro e prestar-lhes toda a informação necessária para que depois possam tomar a decisão de consumir ou não estes tipo de produtos», afirma Ana Moreira.

Dar a conhecer o produto, o seu benefício, funcionamento, resultados de eficácia e levar à experimentação são passos fundamentais. «Posteriormente é preciso investir numa relação mais próxima com o consumidor, fazer com que a marca faça parte do seu dia-a-dia, que seja recomendada a outras pessoas, que se partilhem experiências e resultados com o produto», afirma a responsável da Luso. «No ponto de venda o factor crítico de sucesso é a visibilidade, essencialmente porque são produtos inovadores, onde a compra por impulso é elevada», continua.

Algumas marcas também optam por se associar a entidades com credibilidade na área ou no problema específico para o qual estão destinados, como, por exemplo, a Associação Portuguesa de Nutricionistas, a Fundação Portuguesa de Cardiologia e a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade.

Rotulagem mais apertada
Com os consumidores cada vez mais atentos à informação dos rótulos, a Comunidade Europeia aperta o cerco às empresas que comercializam produtos funcionais. Desde 1 de Julho de 2007 que entrou em vigor a nova legislação sobre as alegações nutricionais e de saúde nos rótulos. As empresas que queiram evidenciar nos seus rótulos os benefícios adicionais dos produtos, necessitam de as comprovar cientificamente.

Até 31 de Janeiro de 2007, os Estados-membros enviaram à Comunidade Europeia (CE) uma lista com propostas de alegações de saúde. Por sua vez, esta é enviada para a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (AESA) que dará até Janeiro de 2010 um parecer. Com base na opinião desta entidade, a CE aprova ou não as alegações de saúde que poderão constar nas embalagens.

«Até lá, qualquer menção na rotulagem não pode ser enganadora», refere Pedro Queiroz e as marcas que façam uma afirmação como “reduz o colesterol” têm que comprovar cientificamente que os ingredientes activos ou alimentos em que estes se incorporam produzem um efeito nutricional ou fisiológico benéfico.

As marcas que façam afirmações nutricionais como “contém …”, “… restituído”, “com adição de …” ou “enriquecido em …” ficam sujeitas às condições estabelecidas para a alegação “fonte de …”.

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