Outras Opiniões

Bom início de ano nos mercados

Por a 16 de Fevereiro de 2007 as 18:02

alexandre mota

O início do ano confirmou o melhor dos cenários macroeconómicos, afastando para já alguns riscos que ameaçam os mercados financeiros. Nos EUA, o PIB do quarto trimestre cresceu 3.5% (acima do consenso do mercado), com destaque para a aceleração associada ao consumo privado, que cresceu 4,4% e às exportações líquidas. O bom comportamento do consumo é explicado pela boa época natalícia e pela subida dos salários.

Os gastos pessoais revelaram um forte crescimento em Dezembro (+0.7%), o ritmo mensal mais elevado desde Julho. Por sua vez, o bom comportamento das exportações líquidas pode ser explicado pela descida dos preços da energia. O mercado de trabalho registou uma menor criação de emprego e alguma moderação salarial em Dezembro.

O FED manteve as taxas de referência em 5.25%, conforme se esperava. O comité da FED revelou maior conforto no cenário macro, uma economia a fortalecer e sinais de estabilização no sector imobiliário. A inflação evolui favoravelmente e as pressões de alta devem permanecer contidas num futuro próximo. Contudo, mantêm-se os riscos de inflação que levam o FED a permanecer inclinado para uma possível subida adicional de taxas de juro.

Na Europa mantêm-se os bons dados macroeconómicos, designadamente ao nível da criação de emprego. Há alguns sinais negativos ao nível da actividade industrial, mas, em geral, o cenário macro risonho.

O BCE mantém-se vigilante, sendo provável uma subida adicional de taxas de juro em 25 pontos base (3.50 para 3.75%).

1 – Aumento de volatilidade

Enquanto os índices bolsistas sobem há uma sensação de conforto por parte dos investidores, a qual diminui a percepção do risco realmente existente. Os prémios de risco são cada vez mais pequenos, assim como o preço da cobertura de risco através de opções. Alguns instrumentos derivados, como os credit default swaps, estão a descontar níveis muito baixos de “default” de obrigações. Em resumo, vive-se um clima de confiança, em parte justificado pelos dados macro e micro, mas que está a atingir valores que exigem cautela. Para 2007, esperamos um aumento significativo da volatilidade nos vários mercados.

2 – Bom início do ano nas acções, mas riscos de correcção a partir da Primavera

A maioria das casas de investimentos prevê um bom ano de 2007, sustentado no bom clima de negócios, fusões e aquisições, etc.

Consideramos que o mercado accionista tem boas possibilidades de continuar a subir no primeiro trimestre, mas será muito mais selectivo e volátil do que foi até agora. É provável assistirmos a uma maior dispersão dos múltiplos das empresas (PER e PCF, etc). Por outras palavras, a alocação sectorial e o stock picking poderão gerar ganhos adicionais.

Neste contexto, preferimos empresas de larga capitalização bolsista e do sector tecnológico como líderes dos ganhos no primeiro trimestre de 2007.

3 – Dólar sob pressão vendedora, mas pode subir um pouco no curto prazo

A aproximação dos yields do dólar e do euro torna a divisa americana menos atractiva. A realocação de reservas por parte dos vários bancos centrais em desfavor do dólar também poderá penalizar a divisa americana. Por sua vez, o acerto da política monetária da FED poderá salvar o dólar duma queda acentuada.

O cenário mais provável aponta para uma valorização do euro face ao dólar entre 2,5% e 7.5% até final de 2007. Contudo, no primeiro trimestre de 2007 é natural que assistamos a uma ligeira recuperação do dólar face ao euro.

4 – Taxas de juro atingem pico de alta

Pensamos que 2006 representou o pico das taxas de juro nos EUA, embora não seja impossível uma última subida de 5.25% para 5.50%. Quanto à zona euro, parece-nos que haverá uma única subida adicional de 25 pontos base (3.5% para 3.75%).

5 – Portugal seguirá comportamento das congéneres

Continuamos a defender a aposta em títulos como a Brisa e principalmente a EDP, quer pelo seu carácter defensivo, quer pelos bons fundamentos de ambas as empresas (múltiplos interessantes, posição estratégica consolidada, alto dividend yield).

Alexandre Mota, Analista da Golden Assets, Sociedade Gestora de Patrimónios