Outras Opiniões

Controlo de Qualidade – um caso prático

Por a 24 de Novembro de 2006 as 16:38

pedro santos

O Controlo de Qualidade na indústria alimentar é uma ferramenta essencial para garantir a confiança dos clientes e consumidores. Este ano, fomos desafiados pela António Silvestre Ferreira, a maior empresa produtora de uva de mesa do país (www.herdadevaledarosa.com.pt), para concebermos o seu sistema de Controlo de Qualidade. Os responsáveis da empresa valorizaram a externalização deste serviço como forma de garantir a autonomia e a autoridade necessárias para a aplicação efectiva dos controlos estabelecidos. Após o decorrer de uma campanha, o sistema é já considerado uma peça essencial para o desenvolvimento estratégico da empresa, cujo principal objectivo é colocar no mercado um produto de elevada qualidade.

Dada a especificidade do produto (uva de mesa) e da empresa, foi possível alargar o âmbito do Controlo de Qualidade a todas as fases do processo produtivo, desde a colheita até à expedição da uva. Definimos uma malha de amostragem compatível, a equipa necessária para a sua execução e desenvolvemos um sistema de recolha de dados numa base de dados que permite a emissão de relatórios semanais de evolução da qualidade do produto. Os parâmetros avaliados tiveram em consideração os aspectos previstos na legislação para a comercialização de uva de mesa, além das definições dos cadernos de especificações dos clientes. Para cada parâmetro, foi considerado o limite previsto pelo cliente mais exigente.

Durante todo o processo foi dada particular relevância à comunicação interna. Todo o pessoal (cerca de 400 pessoas) foi informado dos critérios que integram o sistema, e todos os problemas encontrados no Controlo de Qualidade são imediatamente comunicados ao operador responsável e periodicamente divulgados a toda a organização. De forma a evitar a possível quebra de produtividade decorrente do Controlo de Qualidade, foi implementado um sistema de Avaliação de Desempenho que envolve a atribuição de prémios aos operadores mais eficientes (produtividade vs qualidade) e cumpridores das normas da empresa e, paralelamente, a penalização dos elementos menos eficientes e incumpridores dessas mesmas regras.

Não foi necessário mais do que uma campanha para verificar os efeitos que a aplicação do Sistema de Controlo de Qualidade teve na produtividade da empresa e na qualidade do produto. Tornar a remuneração dos operadores dependente da eficiência dos mesmos, por exemplo, teve uma contribuição surpreendente para a melhoria dos resultados da empresa. De facto, estamos convencidos de que, no final da campanha, não será difícil comprovar que os ganhos de eficiência obtidos ultrapassaram em muito os custos envolvidos na implementação do sistema. Os resultados obtidos permitem-nos, mesmo, estabelecer objectivos para a próxima campanha de forma mais ambiciosa e exigente: zero devoluções e zero reclamações!

çPedro Miguel Santos ([email protected]);

Director-Geral da CONSULAI (www.consulai.com)