Editorial

Portugal larápio

Por a 13 de Outubro de 2006 as 12:58

O VI Barómetro Europeu de Roubo no Retalho revela que Portugal é o país da Europa Ocidental com a maior percentagem de roubo no retalho (1,34%), quando comparada a quantidade de produtos que são colocados à venda nas lojas e os que são pagos nas caixas.

Se em relação aos clientes, os números revelam que estes são responsáveis por 53,8% dos furtos, o estudo indica, igualmente, que os empregados representam 22% e o erro interno 15,6% dos artigos “desaparecidos”, enquanto os fornecedores são os menos “culpados” com 8,6%.

Ora, até aqui nada de especial, sabendo nós as dificuldades por que passa o nosso País e as facilidades com que algo aparece em bolso estranho. A maior curiosidade é que, se em 2004, Portugal ainda não liderava este ranking, sendo ultrapassado somente pelo Reino Unido e o então presidente da APED referia que «a situação não é saudável, mas não é preocupante» e que «os números, apesar de altos, não estão longe da média europeia», o actual responsável pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição revelou, na última edição de um semanário, que, «o roubo, sendo uma parte do inventário, tem uma expressão normal».

Pois bem, é certo que a taxa nacional desceu, mas a média europeia é de 1,23%, com países como a Suíça a apresentarem taxas de 0,92%, Áustria com 0,96%, Alemanha 1,07% e os nossos vizinhos espanhóis a encontrarem-se a meio da “tabela” com 1,29%. Mas Portugal lidera e parece que é “sempre bom” aparecermos em primeiro lugar nalguma coisa, seja positiva ou negativa.

Do lado positivo, destaque para a iniciativa da Associação Empresarial de Portugal (AEP) que, ciente de que os problemas económicos do País só se resolvem criando riqueza e trabalho, lança uma campanha de sensibilização para o consumo de produtos e marcas que contribuem para criar Valor Acrescentado em Portugal, com a assinatura “COMPRO o que é nosso”. Um empurrão na auto-estima dos portugueses que, talvez a partir de agora, adoptem a velha máxima: “o que é nacional, é bom”.