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Cortiça promove-se

Por a 5 de Abril de 2006 as 11:07

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Depois de vários ataques dos vedantes sintéticos e das cápsulas de alumínio, o sector da cortiça contra-ataca agora com uma campanha internacional de promoção. E nada melhor do que colocar uma das caras portuguesas mais conhecidas do mundo para o fazer. José Mourinho avisa: “if it´s not real cork, take a walk”.

A Campanha Internacional da Cortiça II (CIC II), lançada pela Associação Portuguesa de Cortiça (APCOR), tendo como parceiro o ICEP Portugal no âmbito do Programa de Incentivos de Modernização à Economia (PRIME), terá um investimento total de 3,1 milhões de euros, sendo que 30% deste valor terá uma participação privada. Os países alvo desta campanha de promoção serão o Reino Unido (900 mil euros), Estados Unidos da América (590 mil euros) e Austrália (600 mil euros), contando ainda com algumas iniciativas nos mercados francês e alemão (126 mil euros) e actividades transversais que terão mais de 900 mil euros ao seu dispor.

O destaque vai, no entanto, para o Reino Unido que terá José Mourinho, actual treinador do Chelsea e uma das caras portuguesas mais conhecidas da actualidade, não só em terras de sua Majestade, mas em todo o mundo, como face desta campanha. «Aceitei o convite da APCOR para promover a cortiça no Reino Unido, porque este é um produto português – um produto que faz de Portugal o líder mundial neste sector – e que deve ser promovido por todos os portugueses» referiu Mourinho. O rosto do treinador português mais badalado surgirá assim no Reino Unido em defesa deste vedante, com a sua imagem a ser utilizada na publicidade dirigida ao trade e ao consumidor, revelando Elisa Pedro, directora da campanha que «a opção José Mourinho deve-se ao facto dos consumidores ingleses terem a percepção de que ele é sofisticado, inteligente e tem integridade e, acima de tudo, é português».

Consumidor prefere cortiça

Na apresentação da CIC II, António Amorim, presidente da APCOR referiu que «é preciso responder aos inúmeros ataques dos vedantes sintéticos e das cápsulas de alumínio que a rolha de cortiça tem sofrido nos últimos tempos e mostrar aos mercados que a rolha de cortiça é inquestionavelmente o melhor vedante para o vinho. Até hoje, nenhum produto alternativo apresentou uma performance equivalente à cortiça. A indústria modernizou-se, trabalhou e investiu muito para que a qualidade seja hoje o seu principal objectivo».

Esta campanha surge numa altura que depois da entrada dos vedantes de plástico sucedeu-se a investida da cápsula de alumínio que rapidamente penetrou no mercado, ajudada por uma corrente muito forte de opinion leaders que defendem o seu uso. A quota global de mercado dos produtos alternativos é de 20 a 25%, mas dá sinais evidentes de crescimento, estimando-se que no Novo Mundo vinícola chegue aos 50 por cento e na Nova Zelândia atinja os 80. A Tesco, por exemplo, fez saber publicamente que até 2005 pretendia ter 50% dos vinhos em venda com cápsula de alumínio e em 2008 a completa substituição de cortiça por sintéticos.

As revistas de vinho mais conceituadas no mundo têm vindo a realizar alguns inquéritos que contradizem esta tendência, concluindo-se que nove em cada dez consumidores preferem a cortiça. No campo do trade, revela a Wine Intelligence, maior consultora internacional da indústria do vinho, 71% das pessoas que trabalham directamente a servir vinho aos consumidores, continuam a preferir abrir uma garrafa vedada com cortiça. Aliás, as respostas não deixaram dúvidas: dois terços dos inquiridos considerou positivo comprar vinho que tenha uma rolha de cortiça, 52% rejeitou as cápsulas de alumínio e apenas um por cento respondeu que não gosta de beber vinho selado com cortiça. Num inquérito online realizado pela norte-americana Wine Spectator à pergunta “Qual o melhor vedante para uma garrafa de vinho?”, 81% preferiram a cortiça contra 18 que referiram as cápsulas de rosca.

Promover Qualidade

O sector da cortiça assume uma importância fundamental na economia nacional, com a liderança mundial da produção e da transformação da cortiça, contribuindo para cerca de três por cento do total das exportações portuguesas. Além disso, a rolha de cortiça é responsável por cerca de 70% das exportações nacionais de cortiça e assegura a competitividade dos restantes produtos do sector, garantindo igualmente, cerca de 80% da receita florestal suberícola nacional.

O público alvo desta campanha serão prescritores e influenciadores do segmento rolha, tais como produtores de vinho, vendedores de vinho (supermercados, retalhistas, restaurantes, bares, hotéis, agentes, importadores, etc.), masters of wine, associações, sommeliers, e, por fim, os media, apontando-se as revistas de vinho e de lifestyle como principais veículos da mensagem. No Reino Unido, as acções a desenvolver estão orientadas para o retalho inglês e para o consumidor e assentam em publicidade na imprensa, outdoors, online, eventos e comunicação dirigida ao trade, onde será divulgado todo o investimento realizado pelas empresas portuguesas em Investigação e Desenvolvimento, mostrando que a rolha de cortiça é para o vinho um sinal de qualidade e de diferenciação positiva. Já para o consumidor, as mensagens terão por base os argumentos emocionais ligados ao ritual de abertura de uma garrafa de vinho.

Nos Estados Unidos a indústria da cortiça irá ter como objectivo provar aos produtores de vinho que a rolha de cortiça é um produto de alta qualidade e insubstituível para o consumidor, contando ainda com a promoção da cortiça enquanto material de construção, com acções dirigidas a arquitectos e designers. Além do trabalha a realizar junto dos produtores de vinho, os principais media do sector vinícola terão anúncios e publieditoriais, alargando a campanha aos jornalista e sommeliers com visitas a Portugal, workshops técnicos para apresentação dos últimos avanços da indústria da cortiça, a elaboração de um mini website sobre cortiça e um Cork Education Programme.

Por fim, na Austrália, a campanha será dirigida ao consumidor e ao retalho, tendo a APCOR traçado como principais objectivos levar os consumidores a escolher a cortiça no acto da compra do vinho, transmitindo as ideias de recuperação da tradição, romance e misticismo associadas ao vinho. Mas também a questão ambiental será alvo de uma divulgação específica, promovendo a cortiça como ecológica, sustentável e natural, ao mesmo tempo que se realça a importância da preservação do meio ambiente, de modo a promover a consciência ambiental do consumidor.

Assim, a partir de Março, a cortiça terá uma campanha que vai comunicar o «absoluto comprometimento da indústria com a qualidade do produto final», acrescentando Elisa Pedro que «a CIC II será ajustada às necessidades de cada mercado e, por isso, desenvolvemos uma estratégia de comunicação que procura responder às especificidades locais de cada país». Tal como aparece num dos outdoors de José Mourinho, «Let´s talk real cork».