Distribuição

Hipers facturam mais

Por a 19 de Setembro de 2005 as 12:37

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De acordo com o Recenseamento Nielsen, confirma-se o crescimento do volume de negócios da Distribuição em três por cento, variação já anteriormente anunciada pela APED. O sector regista um volume de negócios superior a 10,6 mil milhões de euros no exercício de 2004, com a maior contribuição para esta facturação a vir do formato hipermercados. O estudo vem também comprovar a quebra significativa no comércio tradicional.

Os hipermercados são o formato que mais vende em Portugal, considerando que hoje em dia faz sentido dividir os supermercados em dois grupos: os pequenos e os médios formatos. De acordo com o recenseamento Nielsen, o sector da Distribuição terá facturado 10.630 milhões de euros, o que representa um crescimento de três pontos percentuais, variação, aliás, que corresponde ao que já havia avançado a APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição) acerca do comportamento do volume de negócios dos seus associados.

Neste universo, o formato hiper é responsável por montantes na ordem dos 3.415 milhões de euros, liderando uma tabela em que se seguem os supermercados de pequena dimensão, com volume de negócios de 2.754 milhões de euros, e os médios formatos, atingindo em 2004 vendas de 2.530 milhões de euros. As mercearias, revela ainda o estudo, terão facturado no seu conjunto qualquer coisa como 850 milhões de euros, o que mesmo assim demonstra o facto deste tipo de comércio ter ainda uma importância significativa no contexto da distribuição nacional.

Contudo, e apesar da demonstrada capacidade de associação evidenciada pelo comércio tradicional, nomeadamente com projectos de gestão integrada, junção em centrais de compras e cooperativas, etc, a verdade é que o volume de negócios destes estabelecimentos tem vindo a diminuir ao longo dos últimos anos, como aliás seria de esperar. Há dez anos, as mercearias apresentavam o equivalente a uma facturação de 1.132 milhões de euros, valor que foi baixando sucessivamente durante o período, e isto apesar do ritmo inflacionário que se verificou.

Bem pelo contrário, os conceitos de moderna distribuição revelam um crescimento sustentado do volume de negócios, o qual evolui favoravelmente em qualquer um dos formatos. O caso dos supermercados é exemplificativo: quer os de maior quer os de menor dimensão, em 1995, não ultrapassavam os mil milhões de euros em vendas, tendo evoluído ambos os formatos para valores a rondar os 2,5 mil milhões de euros em apenas dez anos. Da mesma forma, os hipermercados também foram sempre subindo, mas em variações menos expressivas, uma vez que há dez anos a Nielsen calculava um volume de negócios de 2,6 mil milhões de euros e, em 2004, regista-se o valor de 3,4 mil milhões.

É de salientar ainda que as variações na facturação da Distribuição em geral abrandaram ao longo dos últimos dez anos. De facto, em 1996 e 1997 o crescimento do volume de negócios situou-se nos oito por cento, baixando depois para sete e seis pontos nos dois anos seguintes. Em 2000 dá-se uma evolução de 4%, melhorada em 2001 depois de um acréscimo de cinco pontos e em 2002, quando o sector subiu seis por cento. Em 2003 a variação volta a ser de cinco pontos, para em 2004, reflexo evidente da crise, evoluir apenas três pontos, o valor mais baixo dos últimos dez anos.

Tradicionais em quebra

Em termos de número de lojas por conceito, a liderança vai naturalmente para as mercearias, que segundo a Nielsen estavam contabilizadas em 18.248 no final do exercício de 2004. O formato tem vindo a perder unidades ano após ano, registando-se que em 1995 existiam 27.895 pontos de venda. Ou seja, em apenas dez anos desapareceram quase 10.000 espaços, à média de um milhar por exercício.

Durante o período em análise, regista-se uma evolução muito significativa nos modernos conceitos de Distribuição, nomeadamente hiper e supermercados, enquanto os livre-serviços e drogarias mantêm número de unidades com poucas oscilações. Já os denominados puros alimentares – falamos de lojas de venda ao público que comercializam exclusivamente bens alimentares, como talhos, peixarias, charcutarias, etc – também assinalam uma quebra significativa, passando de 2.210 unidades em 1995 para apenas 651 em 2004.

Olhando para a evolução sentida no formato hipermercado, verificamos uma evolução lenta mas gradual, evoluindo de 35 pontos de venda em 1995 para 59 em 2004. Com as restrições à abertura de novas unidades que vigoraram nos últimos anos, inaugurando apenas as lojas para as quais já haviam sido concedidas licenças, as denominadas UCDR’s viram o seu espaço de crescimento ser fortemente condicionado, factor que terá contribuído para um desenvolvimento menos acelerado do que o previsto.

Entretanto, o bloqueamento foi levantado, apesar de subsistirem algumas dúvidas quanto à efectiva implementação dos processos de expansão por via da possibilidade de bloqueio por parte das autarquias. Foram, contudo, aprovados diversos projectos nestas primeiras fases de licenciamento, mas também é verdade que a grande maioria foram canalizadas para retalho especializado e para pequenos ou médios formatos. Estes últimos, e face ao excesso de concentração de oferta nos grandes centros urbanos, constituem mesmo uma aposta estratégica dos principais grupos de distribuição na sua caminhada para regiões de menor densidade populacional.

Já os supermercados de grande dimensão reflectem a esperada evolução do conceito, assando de um parque de 143 pontos de venda para 288 em dez anos. Este comportamento positivo foi igualmente registado nos supermercados de pequena dimensão, reflectindo também a evolução dos conceitos de desconto, que a Nielsen inclui nesta categoria. No período, subiram de 619 para 1.025 unidades. Em conjunto, portanto, os supermercados evoluíram de um parque de 762 lojas para 1.313 pontos de venda.

No total, em 1995 havia 35.392 unidades de venda em retalho em Portugal, tendo o número descido para 24.918 em dez anos, o que corresponde sensivelmente ao desaparecimento das pequenas mercearias e puros alimentares. Durante o período em análise, impôs-se o crescimento de conceitos mais modernos, com lojas de maior dimensão e, acima de tudo, outros patamares de qualificação ao nível do sortido e da apresentação, para além de suportes de operação mais eficientes, concretamente ao nível logístico e de negociação, que permitem uma força muito maior nesta luta permanente pela sedução e fidelização do cliente final.