FMCG Vinhos

Adaptação francesa

Por a 19 de Setembro de 2005 as 11:17

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Os vinhos franceses terão de ser promovidos em duas categorias distintas – premium e gama média – de modo a que os consumidores os possam compreender mais facilmente, afirmou o ministro da agricultura francês Dominique Bussereau, por altura da inauguração da maior feira de vinhos a nível mundial, a Vinexpo, realizada de dois em dois anos na cidade francesa de Bordéus.

«Simplificar e clarificar a oferta é fundamental», concluiu o responsável pela pasta da agricultura, revelando que as duas entidades reguladoras gaulesas – INAO e ONIVINIS – estão a trabalhar numa proposta conjunta, de modo a segmentar a oferta de vinhos franceses no mercado em duas categorias. Esta segmentação deverá ter em conta, por um lado, os vinhos que possuem uma forte ligação com determinada região ou terroir e, por outro, os produtos com maior capacidade de resposta às rápidas e exigentes alterações verificadas no mercado mundial do vinho, de modo a corresponder às necessidades de diferentes tipos de consumidores.

Num discurso que não tentou evitar a grande ameaça a que a posição francesa como líder no mercado vínico está a viver – com dez por cento das empresas produtoras a passarem por dificuldades extremas – Bussereau anunciou uma série de medidas para enfrentar os problemas vividos pela indústria vitivinícola gaulesa, tanto a nível interno como externo, com os néctares franceses a sofrerem uma forte concorrência por parte dos novos países produtores, caso da Austrália, Chile, Nova Zelândia, Estados Unidos da América, mais concretamente Califórnia, e África do Sul. Entre as medidas a adoptar, as entidades francesas pretendem ver reduzida a área de vinha, recomendando que a replantação ou renovação seja reduzida a 25 por cento, em comparação com a campanha do ano transacto e em 75 por cento face à campanha de 2001/2002.

Estas medidas serão aplicadas, segundo palavras do ministro da agricultura francês, nas regiões que se encontram em desenvolvimento e não naquelas onde já estão a ser aplicadas medidas para o controlo da produção. A pedido do governo gaulês, os responsáveis pelas entidades regionais irão apresentar brevemente algumas propostas estratégicas para solucionar os diversos problemas vividos pelo sector vitivinícola francês.

Naturalmente que o voto negativo por parte da França à Constituição Europeia no passado dia 29 de Maio poderá levantar algumas dificuldades em todo este processo, prevendo alguns analistas do sector vitivinícola que Bruxelas possa levantar alguns obstáculos à proposta apresentada pelo governo liderado por Dominique de Villepin.