Distribuição

Confronto de formatos

Por a 5 de Setembro de 2005 as 18:14

ed 160 dist txt 4

Ao longo dos últimos cinco anos, os pequenos formatos têm sido responsáveis pelo crescimento evidenciado pelos principais retalhistas mundiais. As lojas de conveniência e discounts, por exemplo, registam um crescimento de 22% que se traduz num parque de 139 mil lojas. Contudo, e apesar da proliferação destes modelos, os hipermercados reúnem a preferência de grandes operadores como o Carrefour, Wal-Mart e Tesco para entrada em mercados em desenvolvimento, casos da Ásia e América Latina.

Num futuro próximo, estas tendências irão prevalecer. Os discounts e as lojas de conveniência tendem a cimentar a sua ascensão nos diversos mercados mundiais, embora os hipermercados continuem a revelar-se um excelente promotor de crescimento, apesar da recente saída do Carrefour dos mercados japonês e mexicano e do escândalo financeiro que abalou o operador holandês Ahold, que se viu obrigado a abdicar das suas ambições à escala global. No entanto, os principais retalhistas mundiais continuam a diversificar a sua operação não apenas por formato, mas também por região.

Ao aplicar recursos financeiros e “know-how”, a expansão dos operadores internacionais passa não só pela presença em novas regiões do mundo, mas também pela diversificação de formatos, na tentativa de evitar margens cada vez mais reduzidas e a saturação e dificuldade de planeamento nos mercados desenvolvidos da América do Norte e da Europa Ocidental.

Os hipermercados e os discounts são os formatos privilegiados para entrada em novos mercados, com os supermercados e as lojas de conveniência a posicionarem-se na segunda linha, estimando-se a sua implementação assim que se verifique a maturidade do mercado e se desenvolvam os hábitos de consumo. As regiões da Europa Central e de Leste têm sido o foco de crescimento para os formatos hipermercado, cash & carry e, mais recentemente, discount. Ao longo da próxima década, é verosímil que a presença destes formatos se desenvolva em países como a Índia, China e Rússia.

De acordo com as previsões, estima-se que, até 2009, o número de hipermercados supere as 26 mil lojas, continuando a ser uma aposta segura para entrar em novos mercados. De facto, este formato já havia assinalado um crescimento interessante (20%) no período entre 1999 e 2004, altura em que superou a marca das 23 mil lojas. Os discounts continuam a ser uma referência popular à escala mundial, com o preço a constituir um factor diferenciador. Este formato está a deixar a sua marca no desenvolvimento de alguns mercados ao longo da Europa e Ásia. Os retalhistas alemães têm a vantagem de terem criado e aperfeiçoado este formato, com a expansão a ocorrer nos países vizinhos da Europa Central e de Leste.

O Lidl tem-se expandido rapidamente, com o seu logótipo azul e amarelo a ser agora uma figura proeminente em todo o espaço europeu, prosseguindo a marca, actualmente, a sua expansão para os Países Bálticos e Escandinavos. Este formato cresceu cerca de 37% em número de lojas entre 1999 e 2004, estimando-se que evolua 22% entre 2005 e 2009, o que lhe permitirá atingir as 37 mil unidades em funcionamento dentro de quatro anos. Os supermercados têm visto o seu parque de lojas diminuir. Este formato está em clara saturação na Europa Ocidental, onde a forte concorrência dos discounts e dos hipermercados se faz sentir. O seu número de lojas está condenado a diminuir em países como a Alemanha, onde retalhistas como a Rewe e a Edeka estão apostados em restruturar a sua rede de lojas. A oportunidade de crescimento para este formato reside nos mercados em desenvolvimento, casos do asiático e das regiões Centro e Leste da Europa.

De facto, enquanto o número de abertura de lojas do formato na Europa Ocidental declinou 5% entre 1999 e 2004, prevê-se que relativamente à Ásia este crescimento seja na ordem dos 20%, aumentando o parque de lojas das actuais 2.500, para cerca de 3.000, em 2009.

À medida que a saturação de mercado na Europa Ocidental é cada vez mais evidente, as oportunidades de negócio e os níveis de crescimento tendem a reduzir, o que levou a que nos últimos cinco anos os principais retalhistas baseados na Europa tenham procurado oportunidades de crescimento fora do continente. A popularidade da América Latina para os retalhistas internacionais é claramente evidente, constituindo os hipermercados e os discounts os formatos a expandir nos mercados desta região, casos da Guatemala, Honduras e Peru.

Globalmente, o mercado mais significativo em termos de crescimento ao longo dos últimos anos, e também de futuro, é a China, onde a dimensão do sector retalhista e as perspectivas de evolução económica levaram a que grandes operadores como o Carrefour, Metro e Wal-Mart tenham investido fortemente na implementação de hipermercados, cash & carries e lojas de desconto.

Assinale-se, ainda, que o número de lojas dos 30 principais operadores deverá crescer 13 por cento no período entre 2005 e 2009, passando de 140 para 159 mil unidades, prevendo-se que a grande maioria destes espaços sejam inaugurados na Ásia, Australásia, Europa Central e de Leste e América Latina.

Os próximos anos, como se compreende através das previsões dos especialistas, deverão reforçar a tendência de globalização que se verifica à escala mundial, sendo também de esperar que as fusões e aquisições venham a ser intensificadas.